Crise hídrica e o risco de racionamento de energia no Brasil

Devido à escassez de chuvas e o baixo nível dos reservatórios, a preocupação com a crise hídrica no Brasil e as suas consequências na geração de energia voltou a assolar os brasileiros. Autoridades, empresários e a população se veem apreensivos com a possibilidade de acontecer o racionamento de energia.

Não há dúvidas que a crise hídrica gera impactos expressivos sobre o mercado de geração de energia elétrica, especialmente por afetar as hidrelétricas, que representam cerca de 60% do parque gerador do Brasil, além de ser a fonte mais barata de energia em nosso país.

Acompanhe o texto e saiba quando o racionamento de energia pode ser necessário, além das atitudes que podem ser adotadas para evitar a instabilidade ou a interrupção no fornecimento desse serviço essencial.

Racionamento de energia: quando é necessário?

Primeiramente, deve-se ter em mente que a geração de energia elétrica em nosso país guarda um elevado grau de dependência com a fonte hídrica.

Isso significa que, majoritariamente, o Brasil depende da água da chuva para gerar energia elétrica. O que nos leva a concluir que o clima é um fator que interfere diretamente na potência de geração de energia em nosso país.

Com isso, sofremos diretamente com os efeitos da escassez das chuvas, já que, esta, acarreta no esvaziamento dos reservatórios das hidrelétricas, que são as maiores responsáveis por gerar energia elétrica em nosso país.

Sem desconsiderar o uso não eficiente dos recursos hídricos, se somarmos o fator da escassez de chuvas com o aumento no consumo de energia, estamos diante de uma dupla potencialmente perigosa, isto é, que pode causar um colapso no sistema de geração de energia elétrica, fazendo surgir a necessidade de adotar o racionamento de energia.

O termo racionamento é utilizado para indicar uma determinação do governo para a redução compulsória do consumo de energia elétrica, nas situações em que o sistema não demonstra condição para atender a totalidade da demanda. 

Não se deve confundir racionamento (que é compulsório) com a racionalização, que é conduta voluntária, isto é, medidas adotadas por conta própria pelo consumidor para reduzir o consumo de energia.

Ao tratarmos sobre racionamento de energia, é inevitável relembrar do ano de 2001, em que o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso adotou a medida compulsória para redução no consumo de energia elétrica no Brasil, sob ameaça de multa e corte no fornecimento. Esse acontecimento ficou conhecido como a “crise do apagão” e terminou em março de 2002. 

Infelizmente, o período “pós-racionamento” não trouxe reflexos muito positivos para a economia e, para piorar, o consumo de energia continuou crescendo exponencialmente ao longo dos anos, culminando nos problemas graves enfrentados atualmente.

Na prática, portanto, o racionamento se faz necessário como meio de evitar que o sistema e a geração de energia entrem em colapso e falhas de fornecimento venham a acontecer, prejudicando, em massa, a população e os mais diversos setores da economia.

Porém, é comum que, antes de adotar o racionamento, o governo busque soluções alternativas para frear a crise, como, por exemplo, por meio da adoção de bandeira vermelha nas contas de luz, onde é cobrado um valor adicional nas situações onde o consumidor excede determinado limite, como forma de desestimular o consumo.

A crise hídrica atual pode desencadear um racionamento de energia?

A resposta para esse questionamento é positiva.

A crise hídrica está diretamente relacionada com a crise energética, que acontece quando a geração de energia é insuficiente para atender a toda demanda da população e dos setores da economia, havendo riscos de interrupção no fornecimento por meio de apagões e encarecimento das tarifas para o consumidor final.

Com o baixo volume de chuvas e em alguns casos, com a má gestão dos reservatórios, as hidrelétricas acabam sofrendo redução substancial em sua capacidade de gerar energia, culminando com o fenômeno da crise hidroenergética.

Esse é ponto crucial, uma vez que as hidrelétricas representam cerca de 60% do parque gerador de energia elétrica no Brasil, além de ser a fonte mais barata em nosso país.

Com isso, a crise hídrica pode, sim, desencadear um racionamento de energia, sem contar a possibilidade de aumento no preço desse serviço essencial, consequências que afetam diretamente os setores da economia, principalmente a indústria, bem como toda a população.

Em uma via reflexa, em caso de racionamento de energia, o PIB (Produto Interno Bruto) pode sofrer impacto, sendo, esse, mais um motivo para se preocupar!

Apesar de tudo isso, não se desespere! Continue lendo e entenda qual o posicionamento mais recente da ONS sobre o assunto.

Posicionamento da ONS

ONS é a sigla que representa o Operador Nacional do Sistema Elétrico, tratando-se do órgão responsável por coordenar e controlar a operação das instalações de geração e transmissão de energia elétrica em nosso país.

O ONS acompanha de perto a situação dos reservatórios de nosso país, apresentando quantitativos de capacidade, boletins semanais de operação, dentre outras inúmeras informações (inclusive dados em tempo real) a respeito da geração de energia elétrica no Brasil. Trata-se de uma fonte de extrema confiança para avaliar, de forma imparcial e sem perigo de sensacionalismo, o momento de crise hidroenergética que estamos vivenciando. Confira aqui.

Com efeito, há vários meses, o ONS vem alertando governantes e a população de que a situação atual do Brasil pode ficar pior do que a crise do apagão acontecida no ano de 2001, sobre a qual falamos anteriormente.

Isso devido à elevada demanda de energia, especialmente em horários de pico, pelos grandes consumidores, atrelada à escassez das chuvas e ao gerenciamento inadequado de toda essa crise hidroenergética.  

Todavia, em que pese a situação ainda demande muita cautela e atenção, felizmente o ONS, em nota divulgada no site oficial, em outubro do corrente ano, informou que as projeções são mais favoráveis do que as apresentadas no início de setembro, informando que os novos estudos indicaram um cenário mais otimista

Corroborando essa expectativa positiva, o ONS noticiou que os estudos mais recentes do órgão indicaram melhoria nas afluências das regiões Sudeste/Centro-Oeste, Sul e Norte do Brasil. Com isso, as bacias hidrográficas localizadas nesses três subsistemas revelaram um aumento no volume de água estocada. Confira aqui.

Esse otimismo no cenário decorre do período úmido do ano se aproximando dentro da normalidade, bem como da efetivação das ações e decisões tomadas para conter a crise. Além disso, destacou-se o aumento no volume das chuvas em algumas regiões do país, principalmente no Sul, o que refletiu positivamente nos reservatórios das hidrelétricas.

Porém, ainda não é hora de relaxar. Como pontuado pelo órgão, a situação hidroenergética do país ainda é sensível e merece cautela.

Como a indústria está se posicionando?

A crise hídrica afeta diretamente a produção industrial, uma vez que impacta negativamente na lucratividade do negócio ante o aumento no preço da matéria-prima e nos custos com energia, água e transporte.

Com isso, além de outros setores da economia, a indústria também acompanha de perto o desenvolver da crise hidroenergética do país.

Nos tempos recentes, o setor industrial vem demonstrando preocupação com a crise hídrica e os impactos negativos que esta pode causar, com foco, especificamente, no racionamento de energia elétrica.

Em pesquisa realizada, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) apurou que 9 a cada 10 empresários estão preocupados com a crise hídrica. O maior temor dos industriais é o aumento do custo de energia.

É que, no cenário fático, o efeito mais imediato da crise energética/crise hídrica acaba refletindo no bolso, já que o aumento no preço da energia elétrica prejudica a atividade econômica e, em reflexo, atinge financeiramente todos os consumidores.

Portanto, ao que se vê a partir das pesquisas realizadas, não é só o racionamento de energia que assusta a indústria, como também a possibilidade de instabilidade ou de interrupções no fornecimento desse serviço essencial, sem contar o aumento expressivo que o custo da energia pode vir a sofrer.

A preocupação do setor é justa, principalmente porque tais consequências negativas podem impactar a retomada da produção do segmento industrial em um momento em que a indústria começa a recuperar o fôlego, apostando na retomada da produtividade e da lucratividade.

Apesar de apostar nas medidas adotadas pelas autoridades, no sentido de minimizar o risco de racionamento e de aumento do custo da energia, a indústria não ficou de braços cruzados.

Alguns empresários têm investido em ações de eficiência energética e em autogeração/geração distribuída de energia. Outros, apostam na mudança de horário do funcionamento de suas empresas para reduzir o consumo de energia em horário de pico. 

Afinal, a crise gera perda de competitividade, principalmente no cenário internacional, e o setor industrial (assim como os demais) precisa reagir de modo a não ser prejudicado no mercado!

Mais adiante veremos as alternativas que podem ser adotadas pelos consumidores, pelos setores da economia e pelo governo, a fim de minimizar a crise e evitar a necessidade do racionamento compulsório de energia elétrica.

Como o mercado livre de energia pode ser uma saída

Primeiro, vamos compreender o que é mercado livre de energia.

Trata-se de um ambiente competitivo de contratação de energia elétrica, onde os consumidores têm oportunidade de negociar e comprar energia diretamente dos geradores e comercializadores.

Através desse mercado, é possível que os participantes negociem livremente todas as condições comerciais, como, por exemplo, fornecedor, quantidade de energia, período de suprimento, formas de pagamento, etc.

Todas essas características tornam o mercado livre de energia mais competitivo e, por isso, é possível que os consumidores consigam preços mais baixos, já que a energia é negociada diretamente com o fornecedor.

Por tal razão, há quem aposte que a negociação no mercado livre de energia possa ser uma saída interessante diante do cenário preocupante da crise hidroenergética em nosso país.

Quais atitudes são recomendadas para evitar o racionamento de energia?

Como vimos, a falta de chuvas acaba conduzindo o nosso país, especialmente a região Sudeste, a uma situação bastante delicada. Isso se dá devido à alta dependência do sistema de geração de energia ao abastecimento das hidrelétricas, que durante o período de escassez se viu severamente prejudicado.

Ainda recapitulando o que falamos anteriormente, o racionamento compulsório de energia elétrica pode ser uma das saídas implementadas para frear a crise hidroenergética.

Porém, medidas paliativas e menos excepcionais/gravosas podem ser adotadas por todos, em um esforço conjunto, para tentar evitar o racionamento de energia em nosso país. Vejamos.

  • Ações no âmbito da indústria, agricultura e outros setores da economia:
  • Alteração do horário de funcionamento das empresas e da execução das atividades de produção, sempre que possível e viável, de modo a reduzir o consumo de energia em horário de pico;
  • Investimento em autogeração de energia e em ações em eficiência energética;
  • Investimento em práticas para tratamento e aproveitamento/reuso da água;
  • Promoção de ações educacionais para que os colaboradores apliquem, dentro e fora da empresa, medidas de economia de água e de energia elétrica;
  • No setor agrícola, apostar em técnicas de irrigação mais modernas para mitigar os efeitos da crise hídrica e no desenvolvimento de sementes adaptadas a períodos de estiagem prolongados.
  • Consumidores:
  • Aderir à economia de água, dentro e fora de casa (Você sabia que, segundo a ONU, o volume diário de água que uma pessoa precisa para atender às suas necessidades básicas é de 110 litros?);
  • Adotar a economia de energia, dentro e fora de casa;
  • Substituir aparelhos eletrodomésticos por equipamentos mais novos que demandem menos quantidade de energia elétrica para funcionar (por exemplo: aparelhos com a tecnologia “inverter”);
  • Implementação de placas de energia solar;
  • Redução no uso de chuveiros elétricos, ferros de passar roupa, ar-condicionado e outros aparelhos, usando, preferencialmente fora dos horários de pico e aos finais de semana;
  • Enquanto cidadãos, precisamos ser conscientes nos cuidados com o meio-ambiente, especificamente quanto à poluição e desmatamento. 
  • Ações do governo para a população:
  • Aplicação de bandeira vermelha nas contas de luz, a fim de desestimular o consumo de energia elétrica via preço;
  • Criação de bônus na conta de luz para consumidores residenciais e comerciais que diminuírem o consumo de eletricidade;
  • Distribuição de eletrodomésticos mais eficientes/mais econômicos às famílias de baixa renda;
  • Política de conscientização dos consumidores para o consumo consciente de energia elétrica;
  • Apostar no uso mais eficiente dos recursos hídricos, bem como investir em políticas públicas no setor (preservação, conservação e recuperação de recursos naturais);
  • Adotar ações de aceleração de obras de geração e transmissão em curso e de retomada de programas de eficiência energética.

Você pode estar se perguntando: é viável a adoção do horário de verão?

Bem, ao avaliar a experiência dos últimos anos, o ONS verificou que a volta do horário de verão não seria uma alternativa tão eficaz, já que a diminuição no consumo de eletricidade por parte da população não é muito expressiva e, consequentemente, não indica uma economia geral significativa de energia. Confira aqui a nota à imprensa acerca do estudo sobre a adoção do horário de verão, feita pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico. Se quiser ter acesso ao estudo completo, acesse aqui.

Apesar de ter sido apurada a não viabilidade, cabe ao Governo Federal a decisão de adoção ou não do horário de verão, considerando os impactos em outros setores, que vão além da economia de energia.

Com todas essas considerações, a realidade é que a situação é bastante delicada e exige a atenção de todos, sobretudo para que aconteça uma reunião de esforços do governo, setores da economia e população de modo geral a fim de conter a crise hidroenergética, evitando que o racionamento de energia seja necessário.

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Havendo alguma dúvida, estamos à disposição para ajudá-lo!

Crise das distribuidoras de energia elétrica: Como a conta-covid pode ajudar?

Certamente nos últimos meses você deve ter ouvido falar sobre o provável corte emergencial que pode estar por vir por parte das distribuidoras de energia elétrica do país.

Ao que tudo indica, estamos diante de um iminente cenário de crise hídrica e possível racionamento de energia, fazendo com que as empresas do setor elétrico e a população sintam os reflexos dessa anormalidade.

Mas afinal, o que está acontecendo?

O que é crise das distribuidoras de energia elétrica?

De modo geral, fala-se em crise energética quando a geração de energia é insuficiente para atender a demanda da população, havendo riscos de interrupção no fornecimento por meio de apagões e encarecimento das tarifas para o consumidor final.

Pode-se dizer, no cenário atual, que a crise das distribuidoras de energia elétrica possui um pano de fundo ambiental/climático, econômico e político, fatores que estão diretamente atrelados à dificuldade do país em manter o seu abastecimento de energia.

O que causou a crise das distribuidoras de energia elétrica?

A crise energética que o Brasil enfrenta neste ano de 2021 tem algumas causas conhecidas. Vejamos.

Em primeiro lugar, é necessário ter em mente que a geração de energia elétrica em nosso país guarda um elevado grau de dependência com a fonte hídrica. Ou seja, majoritariamente, ainda dependemos da água, fonte de energia renovável, para gerar energia elétrica.

Por tal razão, sofremos os reflexos diretos do período seco decorrente da escassez das chuvas, já que este provoca o esvaziamento dos reservatórios das hidrelétricas, que são as maiores responsáveis por gerar energia elétrica em nosso país.

Soma-se a isso a falta de planejamento e de ações rápidas e eficazes do Governo para enfrentar a crise energética, do mesmo modo como ocorreu na crise do ano de 2001, como falaremos adiante.

Especialistas no assunto afirmam que as crises climáticas não aparecem de uma hora para outra. Esse já era um problema anunciado e mesmo assim houve (e ainda há) falta de iniciativa efetiva do governo federal quanto à crise hídrica, que há tempos já dava sinais de que iria desapontar.

Para além disso, os especialistas ainda denunciam que o favorecimento dos interesses econômicos do setor privado contribuiu para essa situação. Isso poque, mesmo com sinais de uma seca histórica, as grandes hidrelétricas teriam esvaziado seus reservatórios com o escopo de aumentar os lucros de geradoras privadas, o que provocou uma queda da demanda energética no país, fortalecendo a crise das distribuidoras de energia elétrica.

Quais são as consequências da crise das distribuidoras de energia elétrica?

De modo geral, a crise das distribuidoras de energia elétrica pode causar um colapso no controle de tensão, violação de limites de equipamentos ou linhas de transmissão.

Toda essa problemática no sistema de distribuição de energia elétrica do país pode acarretar em um velho conhecido dos brasileiros: o “apagão”. E, segundo os especialistas, esse apagão pode afetar de forma mais severa as regiões mais isoladas do Brasil, em detrimento dos grandes centros, que são localidades mais ricas, populosas e influentes do ponto de vista eleitoral.

Ademais, não há dúvidas que a crise das distribuidoras de energia elétrica impacta de forma negativa o bolso do consumidor final, uma vez que acontece o encarecimento das contas de energia elétrica e, via de consequência, sobem os custos de todos os outros bens de consumo e serviços.    

 Com a crise hídrica, portanto, a conta não fecha, causando um verdadeiro colapso no sistema de fornecimento e distribuição de energia elétrica, apagões e encarecimento das tarifas.

Como a crise atual das distribuidoras de energia elétrica pode ser comparada com a de 2001?

Nem todos se recordam do período de racionamento que o país enfrentou há 20 anos atrás.

Recebeu o nome “crise do apagão” o fenômeno que afetou o fornecimento e a distribuição de energia elétrica no Brasil entre julho de 2001 e fevereiro de 2002, durante o segundo mandato do Presidente Fernando Henrique Cardoso.

Naquela época, o governo adotou blecautes programados de energia elétrica e uma série de regras para reduzir o consumo no país e evitar o colapso no abastecimento.

Vinte anos depois, parece que esse fantasma do passado voltou a rondar o país…

Isso porque, soma-se à crise hídrica e aos extensos períodos de escassez de chuvas a ausência de planejamento e de ações rápidas por parte do Governo Federal para enfrentamento à situação.

Porém, diferentemente do que ocorreu há 20 anos atrás, especialistas afirmam majoritariamente que, apesar da crise exigir atenção, o risco de racionamento é mais baixo se comparado ao de 2001, no entanto, sem prejuízo de que ocorram alguns cortes pontuais na distribuição de energia.

Outro fator que difere a crise de 2001 do período atual é que àquela época o Brasil padecia ainda mais da falta de diversificação da matriz energética. Antes, dependíamos cerca de 90% das hidrelétricas, realidade um pouco diferente nos dias de hoje, em que o percentual é cerca de 63% e existem outras fontes a serem acionadas, como as termelétricas, por exemplo.

Quais são as medidas cabíveis para conter a crise?

Para conter a crise, a providência principal a curto prazo acaba ficando a cargo da população, que se vê obrigada a mudar seus hábitos como forma de economizar e racionar voluntariamente o consumo de água e de energia elétrica, sobretudo em períodos de escassez de chuvas.

Agora, para conter a crise em um espaço de tempo maior, evitando que esse problema assombre a população por anos a fio e cada vez de forma mais gravosa, é de extrema importância que:

  • se diversifique as fontes de energia elétrica do país, como por exemplo com o uso da energia solar;
  •  sejam adotadas medidas para a melhor administração das reservas de água;
  • se invista em tratamento de água para despoluição dos rios e para reaproveitamento da água consumida.

Quais são as ações do governo para aliviar a crise das distribuidoras de energia elétrica?

  • Acionamento de termelétricas com a finalidade de complementar a geração e fornecimento de energia elétrica, suprindo a demanda e evitando o racionamento;
  • Aumento da oferta, flexibilização das restrições operativas e criação de programas de redução de consumo voltados para consumidores residenciais e pequenos negócios;
  • Adoção da nova bandeira tarifária, batizada como “bandeira da escassez hídrica”, cobrada para sinalizar os consumidores quanto à necessidade de reduzir o consumo e para bancar os elevados custos de geração de energia pelas usinas termelétricas em função dos níveis baixos dos reservatórios das hidrelétricas;
  •  A criação da “Conta-Covid” para aliviar os impactos da crise nas contas de luz pagas pelos consumidores e para preservar a liquidez das empresas do setor, que acabaram sofrendo com a redução da receita;
  •  O lançamento do Programa Mais Luz para a Amazônia para universalizar o acesso à energia elétrica nos 9 estados que integram a Amazônia Legal, levando energia limpa e renovável para cerca de 300 mil pessoas que não possuem acesso ao serviço público de energia elétrica.

O que é a conta-covid?

A Conta-Covid é uma operação de mercado, sem recursos do Tesouro Nacional, que visa reduzir o impacto nas contas de luz dos efeitos financeiros que a Pandemia da COVID-19 causou nas empresas do setor elétrico.

Em termos práticos, é uma conta destinada ao setor elétrico para enfrentamento do estado de calamidade da Pandemia do Novo Coronavírus. Ela foi estruturada sob a forma de empréstimo sindicalizado de bancos, lastreada por ativos tarifários.

A Conta-Covid foi regulamentada pela Resolução Normativa nº 885/2020. Acesse aqui.

Como ela pode ajudar as distribuidoras de energia?

A ANEEL estima que houve uma perda de 6,3% na arrecadação média do setor de distribuição durante a Pandemia da COVID-19, afetando diretamente a receita das distribuidoras de energia.

É aí que entra a Conta-Covid, visto que esse recurso possibilita o empréstimo de um conjunto de bancos para que os aumentos nas tarifas de energia sejam diluídos ao longo de 05 (cinco) anos, preservando, com isso, a situação financeira das empresas.

Com isso, as distribuidoras de energia elétrica terão os recursos financeiros necessários para compensar a perda de receita temporária em decorrência da Pandemia, protegendo, via de consequência, os demais agentes do setor, uma vez que permite que as empresas continuem honrando seus compromissos e cumprindo os contratos.

Como ela pode ajudar os consumidores?

Na mesma medida em que a Conta-Covid auxilia as empresas distribuidoras de energia, beneficia também os consumidores ao evitar que ocorram reajustes imediatos na conta de luz, impedindo que os impactos da crise afetem rápida e diretamente o bolso do consumidor final.